quinta-feira, 11 de abril de 2013

DÚVIDA



O evangelho fala de Tomé
que decide ‘duvidar’ do que
os companheiros relatam
a respeito do reencontro com Jesus.

Dúvida saudável que reclama um Jesus
inserido na realidade cotidiana,
na retidão libertadora da fé
e na responsabilidade da cidadania solidária.


A dúvida passa a ser reprimida quando o amor é de aparência, sobrando medo ou fingimento. Em vez de entrega, um fazer de conta. Fé, amor, amizade não repousam sobre certeza racional, não se impõem. Onde poder é baseado no interesse, a dúvida é inimigo maior; quanto mais impositivo, maior sua fragilidade, maior a resistência, maiores a rejeição, a agressividade.

Fé suspeita, crença leviana - sem evidência - são porta aberta para toda forma de projeção; insegurança, angústia proporcionais à ausência de maturidade. Quem constrói relações no respeito a limites, não se perturba por ser ‘peregrino’ e, muito menos, culpa outros de uma desilusão sofrida. Por outro lado, quem espera demais, é frustrado com dúvidas amargas.


Tomé se revela firme em sua posição. Digna-se reconhecer Jesus, caso se apresenta marcado por sinais de compromisso com a realidade, com as pessoas, com o sonho que o inspirou quando vivo. Jesus é o Mestre que resistiu aos doutores da lei, enfrentou poderosos injustos e se comprometeu com os excluídos. O ressuscitado, marcado por esses valores, Tomé o reconhece.

Rica lição. Longe de nós uma fácil acomodação. De um lado, nada de cobrar demais - de si, da vida, dos outros, de Deus. Longe de nós exigir a perfeição, aguardar passivo a mudança que se impõe e longe de nós também o desânimo, a revolta, o desespero, a intolerância. Não façamos da dúvida nem refúgio nem flagelo. O amor nos conduz, a solidariedade seja nossa companheira.
Frei Cláudio van Balen