segunda-feira, 27 de agosto de 2012
RELIGIOSIDADE - SEGUNDO JESUS
Amar a Deus implica incluir os outros no amor a si mesmo.
Jesus se fez amigo que acolhe, sustenta, perdoa e rejuvenesce.
Mais que redenção, salvação é testemunho da graça onipresente.
Deus rejeita o poder que alicerça dominação com preconceitos.
Só podemos chegar ao divino pelas mediações do humano.
Passou o tempo em que líderes tinham domínio sobre Deus.
Vida no Espírito é reforçar o novo que conduz a um futuro melhor.
Digna é a religião ao nos tornar menos dependentes e mais conscientes.
Oração, jejum, esmola valem pela solidariedade na prática da fé.
O lugar do encontro com Deus é o cotidiano da própria vida.
Crer é lidar criativamente com a vida, as pessoas e a criação.
A história das pessoas é o espaço predileto da revelação.
Fraternidade implica uma santa ira no esforço de transformação.
Religiosidade autêntica abre o caminhos e constrói pontes.
A omissão desonra Deus e nega a dignidade das pessoas.
Apego a doutrinas e disciplinas obsta ao amor, causa exclusão.
A união com Deus envolve na compaixão e supera radicalismos.
O R A Ç Ã O
Na Espiritualidade do Carmo, oração é ‘resposta’ de amor-oferta de me fazer receptivo ao Deus que me habita. Orar é viver o mergulho no ‘sagrado imanente’, em que externo a confiança em ritmo de entrega. Em tal clima de comunhão, orar é exercitar-me na esperança - em cadência de união - em onda de pertença a Deus. Oração é partilha em abundância, é riqueza em carência, é vibração de um modo de fruir e mergulho amoroso na presença do divino.
Orar é gozo de um encontro, é o ‘amém’ à vida com seus desafios e assimilação da graça; é dádiva, com suas possibilidades e limites. Acima de tudo, oração é fruição de ‘gratuidade’ no amor a envolver-me em algo que é sonho meu. Orar é responder, entregando-me confiante ao mistério divino em mim. Sem um clima de imersão, de encontro e fruição, de oferta e partilha, a oração não passa de um exercício de suspeita ‘manipulação’.
Não posso fazer da oração uma fuga, bonitos que sejam os sentimentos e refinadas as técnicas de interiorização. Na base da oração autêntica, está a consciência de que tudo o que sou e faço é também resposta a uma oferta, expressão de uma busca, vivência de valores, frente ao que é ofertado e acolhido. Oração é alma em ‘admiração’. Ao orar, assumo dados, valores e fatos, além de aparências que subjugam e de aprisionamentos que ameaçam e castigam.
Oração é inalação do Mistério que envolve tudo e todos; por ela me torno presente ao que vivo como ‘dom e tarefa’. Oração me dispõe, humilde e corajoso, à cooperação transformadora. Oração é música do coração. Na medida em que supero a ânsia de posse, construo uma nova postura que renova e aprofunda relações, graças à receptividade frente ao desconhecido e inesperado. Orar é viver em estado de atenção.
Em atitude de oração, já não preciso ser refém de detalhes e deixo de viver disperso na superfície das realidades. Em vez de fragmentado, passo a lidar intensamente com o instante que passa, estando disponível para o que me é confiado. Orar é acolher. Em vez de me perder em um vazio interior, intensifico a presença junto a tudo e todos que me cercam. Este é o clima propício para acolher a irrupção do Espírito em mim.
É nessa sensibilidade aos apelos que chegam da realidade – interior e exterior – que tenho a grande chance de perceber e acolher o mistério de Deus qual convite, encontro, desafio e confirmação. Orar é fazer-me sensível às ofertas e exigências no ir e vir cotidianos. Orar é assumir a própria densidade existencial inserida no infinito. Aqui, pedir é dispor-me a realizar o possível e acolher o desejado ou surpreendente na pacificadora fé em Deus.
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