Pelo
‘Espírito’- hálito, sopro - Deus se faz entrelaçado com a criação e envolvente
com a história; nunca ensimesmado, porém sempre como dinamismo de amor a elevar
e integrar, a transformar e libertar. Ao Espírito, devemos nossa identidade no
esforço de, maleáveis, nos soltarmos e nos comunicarmos, sem nos impormos como
donos do que quer que seja. O Espírito, pois, nos preserva das artimanhas de
poder, de isolamento e de exclusão, mergulhando-nos em ondas de pertença
responsável.
O
Espírito paira sobre o Universo e, nele, se insere sem aprisionar-se no mais
forte ou perder-se no mais frágil ou paradoxal. Na condição de Sopro – Ruach
-
ele sustenta, integra, inova,
transforma. Paciência para com resistentes, questionamento perante teimosos, o
Espírito estimula acomodados, reconduz extraviados, encanta os puros. Sim, como
Espírito, Deus se aloja no vazio inspirador de uma criatividade inesgotável.
Ele
abraça grandes e pequenos, santos e pecadores. O Espírito é prenhe de suavidade
e ternura, de tolerância e vigor; educa na abertura, valoriza colaboração a fim
de nos tornar fatores de acréscimo e de comum-união. Familiariza-nos com um
olhar de compaixão, com generoso empenho de responsabilidade e de
transformação, visando a harmonia no bem comum - sempre paz e solidariedade na
convivência.
O
Espírito confronta com perguntas: Por que
ser religioso, se isso não produz dinamismo de elevação? Por que cultivar
formas de espiritualidade, se não fazem crescer em cidadania? O Espírito
Consolador nos familiariza com doação e confiança, com perseverança na luta; suaviza
o que é duro e quebra o que é rígido; amplia a visão que se apega a ‘coisas’ e
acresce a sabedoria de quem tece ‘relações’.
O
Espírito faz corrigir toda desfiguração de Deus e inspira dinamismo de inovação.
Inocula criatividade no ser e crer, no viver e morrer, envolvendo-nos no amor
que confraterniza. Dessa forma, superamos o medo da escolha, tornando-nos responsáveis
frente a toda insegurança. Ainda nos liberta da rotina e nos estimula a tomar
as rédeas da vida nas próprias mãos. Assim, nos estimula a imprimir rumo
saudável ao existir.