A LEI DO PLANTIO E DA COLHEITA
“Recentemente plantei alguns caroços de milho. Cresceram bem e me deram muitas espigas. Separei um dos pés de milho que produziu duas lindas espigas. Contei os caroços de milho em cada espiga e descobri que, a primeira, havia 570 grãos e na segunda 748. De uma única semente, colhi 1.318 novos grãos. Assim funciona a Lei do Plantio e da Colheita”.
- = -
Tudo
supõe o ‘de onde’ ou ‘de que’ – uma origem
ou causa – e essa, por sua vez, implica ‘gratuidade’ – algo ‘novo ou mais’ - no
efeito. A causa, pois, é algo maior
do que aparenta ser; isto é, ela tem em si o ‘transcendente’. Assim, o grão de
trigo, ao cair na terra, produz algo diferente. Razão porque o ‘fim’ de si - a
morte - pode ser algo mais que o ‘nada’. Eis o admirável em tudo que nos habita
e nos cerca. Nós sabemos que somos de
Deus. (1 João 5,19)
Conclusão:
a morte, como fenômeno decisivo, é prestação
de serviço, algo rico em
sentido. Ou seja, até na morte há algo ‘sobrenatural’, isto é,
algo ‘além de si’. De fato, a matéria do cosmos, ao nunca se alterar em seu
peso global, já insinua que a morte não pode ser o decisivo, ou seja, é mais
que só isso. A morte não reina.
Impera, sim, no re-nascer, no
permanecer, no ‘ex-istir’: ser além de
si. O morrer, no sentido de desfazer-se, o terminar definitivo, é algo que se contradiz. Em tudo há algo mais, o reviver, o supera-se; o ressuscitar
é também natural, em sua dimensão de
‘mistério’.
Tal
fenômeno se impõe como essencial à
própria pulsação do Universo, o segredo de todo existente, dentro de limites -
surpreende em seus efeitos. Portanto,
crer na chamada ‘ressurreição’ parece razoável - potencialidade inesperada
contida em todo existente. O modo de se comportar, a médio e longo prazo, pode favorecer
ou prejudicar a existência. Exterminar os entes é impossível, fazê-los existir em outras formas parece natural. De todo
jeito, a morte está sempre a serviço da transformação,
jamais da destruição definitiva. Donos não somos desse mistério; nós o vivenciamos,
admiramos e compartilhamos.
Nada,
portanto, se ‘desfaz’ simplesmente, mas tudo se transforma. Essa transformação não é algo fechado em si, mas está
nas mãos de circunstantes. Certamente não para algo pior, mas sempre para algo diferente. É o que celebramos na Páscoa: o Cristo ressuscitado é o grande
símbolo a representar o ‘divino’ na vida, cuja essência é um dinamismo
transformador surpreendente, em que o igual é revestido do diferente. Isto,
aliás, acontece desde o início da existência de tudo, que se apresenta no
Universo.
Razão
também porque a morte, por real que
seja, está entregue ao poder da vida.
O objetivo da celebração é nos conscientizar do algo ‘mais’, do divino em nós - a serviço do todo da
Criação. Esta - em nós - respira e, de nós, dispõe para que Deus se afirme em
nossa grandeza, partilhando seu ‘mistério’ que também é nosso. Páscoa é a
grande festa dessa ‘gratuidade’ e da ‘responsabilidade’ do Cosmos, convidando-nos
a colaborar para que a vida reine sem maiores obstáculos e com uma rica criatividade
inovadora.
Nenhum comentário:
Postar um comentário